Resenha: O Talismã, de Stephen King e Peter Straub


Obra: O Talismã
Autora: Stephen King e Peter Straub
Editora: Objetiva
Páginas: 508
Média de preço: R$ 14,90 a R$ 55,43

Stephen King por si só já é um grande escritor, mas quando ele se junta a Peter Straub para escreverem um livro a quatro mãos, o resultado não podia ser ruim. O Talismã é a primeira obra em conjunto dos dois, que conta com uma continuação. A obra é uma fantasia com aquele tema “até onde você iria para salvar alguém?”.

Jack Sawyer, de apenas 12 anos, se muda com a mãe para um hotel decadente de uma cidade costeira em New Hamsphire. Lily Sawyer é uma atriz de produções B e conhecida como a rainha do gênero, que decide se mudar para o hotel ao descobrir que tem câncer no pulmão e para fugir do sócio do seu falecido marido, Morgan Sloat. De início, Jack não entende o porquê da mudança, mas logo quando ele conhece Speedy Parker, um funcionário de um parque de diversões que fica ao lado do hotel, é que o garoto acaba sabendo a verdade: além da doença da mãe, o que ele chamava de sonhos de olhos abertos, que é quando o garoto ia para uma nova dimensão, não passa apenas de coisas da sua mente. E é quando Parker instrui o garoto a fazer uma jornada perigosa, atravessar o país inteiro até a Califórnia para procurar o Talismã, um objeto mágico capaz de salvar a vida de Lily.

O que Jack não esperava é que há alguém em outra dimensão, os Territórios, que também precisa da ajuda do objeto. A rainha desse mundo também está doente e à beira da morte. Logo, Jack descobre que a rainha e sua mãe são Duplos, ou seja, são a mesma pessoa que vivem nas dimensões diferentes. Movido pelo desejo de salvar as duas mulheres, Jack então parte em sua jornada, alternando entre os Territórios e os Estados Unidos.

A narrativa do livro flui bem e é praticamente impossível diferenciar a escrita de King da de Straub, já que os capítulos foram escritos separadamente. É incrível a maneira que os dois autores conseguiram continuar a imaginação um do outro e amarrar bem a história. Outro ponto positivo foi a subdivisão dos capítulos em partes menores, o que faz com que a leitura se torne cada vez mais fácil. E é lógico, podemos esperar as mais bizarras descrições de corpos, monstros e situações, que só o King é capaz de dar.

Um dos melhores pontos do livro é a maneira que Jack amadurece durante a sua jornada, seja por conta das dificuldades em que ele enfrenta quanto ao fato do seu passado e a morte do seu pai serem revelados de pouco a pouco. Acompanhamos a sua transformação de um garoto ingênuo para um homem decidido, mesmo com a sua pouca idade. Jack é o melhor fator para toda a história acontecer.
As situações que os autores criaram para Jack são fora do comum, seja quando ele trabalha para um dono de bar maldoso, quando ele é preso em uma casa de recuperação de menores junto com Lobo, uma estranha criatura que ele salva dos Territórios e talvez o melhor personagem secundário da obra, e quando Jack, junto com Richard Sloat (filho de Morgan) se unem para completar a tarefa passando por muitas situações de perigo. Mesmo com desfechos trágicos para alguns personagens, eles tem seu devido momento de importância ajudando Jack.

Os cargos de vilões da histórias ficam a par de Morgan Sloat e Sunlight Gardener, o dono da casa de recuperação, ambos possuindo seus duplos também. O mais incrível na construção dos dois personagens é que os autores buscaram os motivos que fizeram com que eles agissem dessa forma. É impossível não sentir uma certa repugnância em relação aos dois vilões, mesmo entendendo as razões que eles apresentam para agir de tal maneira.


No mais, é impossível não se encantar com a jornada de Jack, com uma obra tão recheada de aventura e triunfo. Mesmo tendo lendo pouco do King, posso dizer que essa é uma das melhores obras do autor. E agora, é só torcer para que A Casa Negra, a continuação, seja tão boa quanto esse livro. E é lógico, esperar que alguma adaptação seja feita, porque essa história realmente precisa sair do papel.

Nota: * * * * * * * * * *

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