Resenha: Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James


Obra: Cinquenta Tons de Cinza
Autora: E. L. James
Editora: Intrínseca
Páginas: 384
Média de preço: R$ 19,04 a R$ 35,90

É comum sempre vermos um livro rapidamente estourar no mercado, vender milhões de cópias ao redor do mundo e fazer a cabeça de muita gente. O incomum é quando esse livro possuí um conteúdo adulto, como é o caso de Cinquenta Tons de Cinza, o primeiro volume da trilogia de mesmo nome da escritora inglesa E. L. James. Mas acontece que, será que por trás de tanto sucesso, existe uma obra de qualidade? Não, pelo menos nesse caso.

Nesse primeiro volume, somos apresentados à Anastasia Steele, uma jovem de 21 anos prestes a se formar na faculdade que concorda em ir entrevistar o empresário e multimilionário Christian Grey, como um favor para sua colega de quarto, Kate, que não pode realizar a entrevista. Ao chegar na sede da empresa, Anastasia se vê atraída por Christian, apesar de não ter uma primeira impressão tão agradável do homem. Entre encontros e desencontros, os dois acabam tendo um relacionamento físico, desenrolando o restante da história.

O fato é que, é difícil saber se estamos lendo um livro de romance com cenas de sexo explícito ou uma roupagem mais depravada de Crepúsculo. É incrível como Anastasia se parece que Bella e Christian com Edward. Enquanto a garota se sente feia, é desastrada e sem autoconfiança, o rapaz é enigmático, sedutor e bonito. Até a origem da família dos dois são semelhantes. Ana tem uma relação melhor com o pai do que com a mãe, enquanto Grey é filho adotivo de um casal, que possui dois outros filhos adotados. Até na fiel escudeira Kate e do melhor amigo apaixonado pela protagonista, é impossível não ter a impressão de que estamos lendo a história do vampiro que se apaixona pela humana.

A única coisa que realmente compensa durante a leitura são os gostos estranhos de Christian em relação ao prazer e sua vontade de ter Anastasia sob um contrato para satisfazer seus desejos, mesmo querendo que a garota fique longe. Até nessa parte temos lembranças de Crepúsculo. Outro ponto positivo é o mistério que a autora colocou sobre o personagem, o que leva a te prender durante a leitura, deixando o leitor ávido para descobrir mais sobre a história de Christian.

As cenas de sexo chegam a ser excitantes e incrivelmente bem escritas. Parece que a autora teve o bom senso de entender as proporções que esse ato permite aos praticantes terem. Algumas chegam a ser excitantes de tão reais. Mas, apesar do que muita gente fala, não chega a ser algo profano. É apenas sensual, como se uma pessoa te contasse detalhadamente o que ela fez dentro quatro paredes.

James escreveu o livro sob a perspectiva de Anastasia (ou será Bella?), o que é claro, leva ao super endeusamento de Christian. Em grande parte, a escrita de James funciona bem, mas a autora infelizmente peca ao usar os abstratos do inconsciente e da deusa interior de Anastasia durante todo o livro, o que chega a cansar. É só acontecer algo que põe a protagonista em uma situação incomum que eles estão lá. Sinceramente, é muita falta de criatividade ter esse uso durante a obra.

No mais, Cinquenta Tons de Cinza é a típica obra que se torna um sucesso devido ao seu conteúdo do que a qualidade. É o típico livro que você não gosta, mas também não odeia. O jeito é conferir o segundo volume e ver se algo de novo acontecesse na história, porque essa coisa de repaginação de personagens de outra obra é difícil de aguentar por mais de um livro.


Nota: * * * * * * * * * *

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