Resenha: Como Eu Era Antes de Você, de Jojo Moyes



Obra: Como Eu Era Antes de Você
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Média de preço: R$ 18,00 a R$ 29,90

Ah, o romance. O tipo de livro que eu tenho lido além da minha cota nesse ano e, sinceramente, obtendo muito prazer com a leitura. Foi isso que aconteceu com Como Eu Era Antes de Você, da britânica Jojo Moyes. Após descobrir tantos livros melosos e sem significado, eis que surge essa obra, que, a meu ver, é totalmente incomum.

No livro, somos apresentados ao milionário Will Traynor e seu fatídico atropelamento, que lhe custou lesões na coluna, paralisando o jovem em uma cadeira de rodas. Do outro lado, temos Louise Clark, uma jovem com gosto estranho para roupas que perde o emprego e se vê em uma situação complicada em casa por causa da falta de dinheiro. Em um meio de satisfazer as necessidades de ambos, Louise é contratada como cuidadora de Will, mesmo sem experiência no tipo de serviço.

Contratada pela mãe de Will, Louise logo se aproxima de Nathan, o enfermeiro responsável em cuidar do cadeirante. Em um dos momentos mais críticos da história, a jovem descobre que seu patrão pretende de matar em uma clínica especializada no período de seis meses, por não desejar aquela vida pra si mesmo. Desesperada e com uma determinação enorme, Louise passa a fazer planos para poder devolver a alegria para a vida de Will, fato visto com maus olhos pelo seu namorado viciado em esportes, Patrick.

A obra é narrada pelo ponto de vista de Louise, e apresenta outros quatro capítulos narrados por outros personagens (em uma jogada muito inteligente da autora, fato que comentarei mais a frente). Louise é o típico clichê de protagonista: bonita, inteligente e ativa, mas com desejos limitados de permanecer na pequena cidade onde vive. Já Will é o oposto, rude, grosseiro e mesquinho, é o tipo de personagem que a autora nos dá motivo para odiar, mas que não conseguimos. 

O livro tem uma leitura leve e agradável, e combina perfeitamente momentos mais leves com os dramáticos. Moyes sabe utilizar de uma maneira favorável a ideia do suicídio, explorando bem a fundo as reações tanto da pessoa que deseja realizar a procedimento quanto da família envolvida. Os motivos que ela dá a Will para querer fazer isso consigo mesmo são verdadeiros e dignos de pena. Moyes conseguiu dar um tom de entendimento e muita praticidade a uma prática vista com maus olhos por muitas pessoas. A autora também se mostra bastante sensível com a presença de um cadeirante, falando de suas limitações tanto pessoais quanto no meio em que vivem.

Um dos pontos positivos da obra, e totalmente inigualável, é a autora não desenvolver um arco entre Louise e Will sem abusar da melo dramaticidade presente em noventa por cento das obras de romance. Aqui, os personagens só veem que estão apaixonados faltando cerca de cinquenta páginas para o fim da obra, mas não deixa de lançar pistas sobre os sentimentos dos dois por meio dos capítulos narrados por Nathan, o Sr. e a Sra. Traynor e de Katrina, irmã mais velha de Louise, essa última, a personagem que mais ajuda a protagonista em um momento difícil.

Os personagens secundários são muito bem desenvolvidos, como por exemplo, o cuidadoso Nathan, que nutre uma amizade especial com Will acima do campo profissional, Patrick, o namorado extremamente chato de Louise e que só pensa em seu corpo e em esportes, os pais de Louise, extremamente agradáveis e engraçados, Katrina e sua inteligência que serve de muita ajuda para a irmã, e também a personagem que possui as melhores frases, e Thomas, o filho de Katrina com fixação em palavras feias. Todos, de certo modo, contribuem para a causa que a protagonista tenta reverter durante a obra.

E, falando em causa, o plano de Louise, mesmo que pouco aprofundado como deveria ser, é muito bem planejado. A garota arma uma série de acontecimentos como saídas, passeios, noites de música e muito mais, terminando em uma viagem extremamente prazerosa para a Ilha Maurício, que é onde Louise descobre se seu plano deu ou não certo. Jojo consegue passar para nós a mesma satisfação que Louise sente ao ver que ela consegue devolver um pouco de luz para a vida de Will.

O livro, em suas últimas páginas, tem uma reviravolta inesperada e termina com um fim triste e simples, mas cheio de um significado puro, nos ensinando a nunca querer prender alguém, mesmo que isso nos faça sofrer, afinal, devemos respeitar as vontades que eles possuem e que as vezes, criamos limitações para nossas vidas que nos impedem de viver, isso é tudo que Will ensina a Louise. Como Eu Era Antes de Você é uma obra única, que todos deviam ler. Recomendado.

Nota: * * * * * * * * * *

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