Resenha: Boneco de Neve, de Jo Nesbo

Obra: Boneco de Neve

Autora: Jo Nesbo

Editora: Record

Páginas: 420

Média de preço: R$ 25,27

Ah, a primeira leitura do ano. 2015 não poderia começar melhor do que eu esperava, com essa resenha desse livro nada mais do que ótimo e só resta esperar que as outras leituras do ano sejam tão boas quanto essa. Fiquei conhecendo essa obra do norueguês Jo Nesbo por meio de um amigo que me havia falado da obra que foi considerada por muitos a mais ambiciosa e bem estruturada do escritor: Boneco de Neve. Fazendo uma pesquisa mais a fundo sobre Nesbo, descobri que o autor é conhecido pela série Harry Hole, que já vendeu cerca de 20 milhões de cópias por todo o mundo com 10 volumes publicados. A Editora Record é a responsável pela publicação das obras por aqui, mas não na ordem correta de publicação e quase sem nenhum marketing. Portanto, se encontrarem algum livro de Jo Nesbo nas livrarias e se for da série Harry Hole, pode comprar sem medo.

Boneco de Neve é o sétimo livro da série e acho que não poderia ter escolhido obra melhor para poder iniciar tanto a série quanto obras de Nesbo. A história é centrada na cidade de Oslo, capital da Noruega, quando uma mulher casada e mãe de um filho desaparece no primeiro dia em que a neve surge no mês de Novembro. O que chama atenção da mesma é um boneco de neve que está em seu jardim, mas ninguém da casa o fez. Após seu desaparecimento, Harry Hole, um investigador da polícia é chamado para investigar o sumiço da mulher. Mas, após uma segunda mulher com as mesmas características da primeira também sumir, é que Hole se dá conta de que está diante da primeiro serial killer da Noruega. Hole liga os fatos após se lembrar de um bilhete que ele havia recebido meses antes, indicando que o sádico estava pronto para atacar.

Harry então se une a uma pequena equipe de investigação que inclui a misteriosa Katrine Bratt, uma policial recém-transferida. Bratt é quem liga os recentes desaparecimentos a outros que aconteceram no país alguns anos antes, em que o assassino nunca foi pego. Harry então se vê no meio de uma caçada a alguém que parece estar sempre um passo a sua frente, achando pistas que o guiam até novos descobrimentos sobre os casos e apontam para um suspeito em potencial. Mas como prender alguém que teve o cuidado de conseguir executar crimes perfeitos e é praticamente inalcançável?

Nesbo cria aqui um tipo de história que começa com um ponto bem comum, mas ao decorrer da história, o autor mostra uma inteligência sem comparação ao conseguir juntar várias partes de crimes que parecem ser confusos e sem solução até seu desfecho inesperado. Nesbo também cria o tipo de situações surpreendentes e extremas, mostrando que, antes de criar seu vilão, ele realmente conseguiu entrar na mente de um sádico. O livro possui muitos elementos envolvendo sangue, violência e sexo de uma maneira satisfatória. Outro fato interessante é Nesbo utilizar alguns flashbacks na história, que acrescentam pontos para que a identidade do assassino seja revelada.

O que mais chama a atenção é criação e o entendimento de Harry Hole. O investigador é um ex-alcoólatra, solitário, viciado em trabalho e arrogante. É um tipo de herói fora do comum, o que foge da ideia que nós leitores temos que o grande salvador do dia é perfeito. Nesbo usa muito das experiências de Hole para moldá-lo e, mesmo que alguns elementos citados fiquem confusos, principalmente por serem aprofundados em obras anteriores, é de fácil entendimento a situação em que o investigador chegou em sua vida. O mais triste é saber que Rakel, sua ex-namorada, achou o homem perfeito para sua vida em Mathias, um médico, o que não impede de Hole continuar a ver Oleg, que considera o homem como seu pai verdadeiro. Katrine Bratt é outro acerto na história. Vemos a parceira de Harry ser o tipo de mulher sensual, com a língua afiada e inteligente. É o típico caso onde os opostos extremamente diferentes são atraídos para um propósito.

O que me fez ficar vidrado na história e ansioso pelo final é a variedade de elementos e a possibilidade de usar a intuição para descobrir quem é o assassino. Nesbo mistura a polícia junto com médicos e famosos, testes de DNA com doenças hereditárias. Além do mais, o autor teve a ideia de acrescentar muitos personagens na história, nos desafiando a lembrar quem é quem, o que é uma ótima ideia para nos confundir e nos levar para dentro das reviravoltas da história atrás do assassino.

Boneco de Neve é o tipo de leitura que irá agradar a quem ler. É uma descarga de adrenalina a cada descoberta feita e tem todos os elementos e mais que tornam essa leitura policial a mais emocionante possível. Podem esperar resenhas de novos livros de Nesbo no futuro, afinal, um bom autor desse jeito é impossível de não ler.

P.S.: Apenas uma dica, assistam esse book trailer do livro que foi lançado na Inglaterra. É arrepiante e tem toda a atmosfera tensa da obra.

Nota: * * * * * * * * * *