Resenha: A Teoria de Tudo, de Jane Hawking



Obra: A Teoria de Tudo
Autora: Jane Hawking
Editora: Única
Páginas: 448
Média de preço: R$ 21,00 a R$ 23,90

“Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. Essa típica frase nunca fez tanto sentido para mim do que durante a leitura de A Teoria de Tudo, obra de memórias que relata os mais e 25 anos em que Jane Hawking foi casada com Stephen Hawking, o grande físico e astrônomo. Escrito por Jane, é possível ter um relato detalhado e muito rico do período em que os dois ficaram casados e nos esforços e provações que a então jovem Jane passou, durante o casamento até a fatídica separação.

Narrado em primeira pessoa, a partir do ponto de vista de Jane, vemos o primeiro contato dos dois em 1963, quando a jovem é apenas uma estudante de Literatura e Stephen é um graduado de Oxford, que vai continuar seus estudos em Cambridge. O primeiro encontro dos dois é algo bem inesperado e sem pretensão, e vemos que Jane se preocupa com a história e nos fornece vários detalhes que tornam a leitura mais rica e fácil de visualizar. É nessa primeira parte em que vemos Stephen sendo diagnosticado com ELA, esclerose lateral amiotrófica, e, mesmo com uma previsão de vida de apenas 2 anos, Jane se mostra decidida em se casar com o físico.

Os primeiros anos do casamento nos propõe uma visão maior do início da pesquisa de Stephen, que o levaria a sua fama mundial e a vida de esposa de Jane. Os primeiros sintomas da ELA são desenvolvidos aqui de uma maneira mais sutil, mas o que não perde o seu fator importante para o que vem a seguir durante a jornada dos dois. Jane retrata com muita humanidade e paixão as primeiras dificuldades que o marido apresenta e nos problemas que eles passam, como a falta de dinheiro, a luta para adquirirem o apoio da Universidade e a tão sonhada primeira casa. Um dos fatos que marcam os primeiros anos do casamento é o nascimento de Robert, o primogênito do casal.

Jane sabe retratar cada momento marcante do casal de uma maneira bem detalhada. Outro fator que torna a leitura ainda mais rica são os aspectos históricos presentes em cada momento chave de toda a trajetória dos Hawking. Um dos momentos marcantes é a viagem da família para os Estados Unidos e, alguns anos mais tarde, quando Lucy, a única filha do casal, já havia nascido, que há uma viagem para a Rússia. É muito rico o detalhamento daquela época, principalmente de uma Califórnia ainda não tão famosa e da Rússia socialista. É impossível não voltar no tempo com as palavras de Jane.

Ao contrário do que muita gente pensa, a principal responsável pela separação do casal é nada mais do que a doença e todas as complicações que ela traz. Vemos Jane, no início, ser mãe, esposa e cuidadora e, com o passar dos anos, com o agravamento da doença e o estrelato chegando de pouco a pouco para Stephen, é que o casamento começa a desmoronar. Essa é a parte mais lenta e um pouco arrastada da história, onde vemos a visão de Jane sobre tudo o que aconteceu na sua vida de casada com Stephen. Em vários momentos, temos a impressão de que Jane iria sucumbir às pressões em que ela vivia constantemente.

O livro tem uma parte ao mesmo tempo alegre e sombria é com a entrada de Jonathan na história, o regente do coral em que Jane começa a participar para se esquivar de sua vida conturbada. Vemos o interesse implícito nas atitudes de ambos e, mesmo sabendo que não é o certo, desejamos que os dois acabassem juntos. Jonathan se torna um grande amigo e ajudante da família Hawking e podemos ver como a sua presença ajuda de pouco a pouco a melhorar o ânimo de todos. Mas, infelizmente, a aproximação do rapaz com Jane não é vista com bons olhos pela mãe de Stephen, que chega a questionar a nora de quem é o terceiro filho que ela teve: Stephen ou Jonathan.

Jane retrata as dificuldades que passa com Stephen que vão desde calçadas que não tem adaptação para cadeirantes até os problemas que o marido enfrenta com a doença, o que o faz perder a voz. Partilhamos de sua angústia e apreensão a todo momento e nos simpatizamos muito com suas atitudes, devido a maneira em que a autora preocupou em relatar esses momentos. É importante ressaltar que, mesmo contra a vontade de Jane, ela e Stephen foram grandes defensores das melhorias públicas para os cadeirantes além de serem porta-voz de várias instituições de caridade, o que leva uma imagem perfeita do casal que convive com uma doença mortal como se ela não existisse e o grande interesse da mídia sobre Stephen, que se torna ainda maior com a publicação de Uma Breve História do Tempo, sua obra de maior sucesso.

É a partir desse momento em que é possível perceber o casamento ir se deteriorando de pouco a pouco. Com os inúmeros cuidados com Stephen, Jane acaba contratando enfermeiros particulares para estar sempre com o marido e, em meio a esses enfermeiros, é que está Elaine, um dos grandes motivos para o fim do casamento de Stephen e Jane. Com a pressão da mídia, Jane compra e começa a reformar um refúgio na França, o que é mal visto pelos olhos de Stephen. É a partir desse momento que vemos Elaine entrando em ação e fazendo de tudo para que a separação aconteça. Mesmo sabendo que está sendo manipulado, Stephen ainda pede o divórcio a Jane, o que gera polêmica.

No mais, A Teoria de Tudo é um bom livro de memórias, cheio de acompanhamentos históricos e páginas que nos trazem um misto muito grande de emoções. É um livro de leitura lenta e detalhada, o que não pode agradar alguns leitores, mas caso você pegue esse livro e comece a ler, não pare. É uma obra que te ensina e ao mesmo entretém. Recomendadíssimo.


Nota: * * * * * * * * * *

Comentários

Unknown disse…
Eu TOTAL preciso desse livro *-* quero realmente. Creio que ele tem um conteúdo tão intenso e é bem provável que vou amar do começo ao fim *-*
Adorei sua resenha viu :D
Beijos

hipogrifos-atrofiados.blogspot.com