Obra: Heresia
Autora: S. J. Parris
Editora: Arqueiro
Páginas: 360
Obra: Profecia
Autora: S. J. Parris
Editora: Arqueiro
Páginas: 322
Pra mim, um bom livro policial já é uma enorme tentação (e é
super difícil de resenhar sem contar algo importante), que se torna ainda maior
quando a história se passa antigamente, mais precisamente, no século XVI. Sendo
assim, foi uma ótima descoberta a série Giordano Bruno, da autora inglesa S. J.
Parris. Com apenas dois livros lançados, Heresia e Profecia, a série não fez
sucesso, mas já gera um burburinho por onde passa, devido a sua qualidade.
O nome Giordano Bruno já é famoso, pois trata-se do teólogo,
filósofo e escritor italiano, que foi excomungado pela Igreja e morto por
acusações de heresia. Antes de sua morte, Giordano viveu sobre a proteção da
França e Inglaterra, onde pôde lançar seus livros e desenvolver suas ideias. É
sobre esse pretexto que Parris se inspirou para escrever suas histórias, misturando
partes da história de Giordano com elementos de ficção em suas obras. É a típica
roupagem dos autores que escrevem esse tipo de mistura.
No primeiro volume, Heresia, somos apresentados a como
Giordano foi pego em sua traição à igreja e a sua viagem até a Inglaterra para
procurar um livro de Hermes Trismegisto e acaba recrutado por Francis
Walsingham para ser um de seus espiões e ajudar a manter a ordem no reinado da
Rainha Elizabeth. A história principal começa quando Giordano viaja para a
Universidade de Oxford para participar de um debate junto com seu amigo Phillip
Sidney. No meio a essa viagem, um assassinato dentro de Oxford acaba pondo Giordano
na busca do assassino.
Heresia chega a ser um pouco cansativo em alguns momentos e
até certo modo clichê, mas tem muitos elementos que ajudam a dar um fôlego à
história. Em meio à mocinha que não se encaixa na sociedade, o bom funcionário
da escola que ajuda Giordano, os vilões com pretensões um pouco caricatas e um
assassino com motivos repetidos, sem contar nas pistas sobre o livro de Hermes.
O que salva esse primeiro volume é a inteligência de Giordano e a genialidade
das mortes que Parris criou. Ainda assim, é um bom livro para conferir sem
grandes pretensões.
Já em Profecia, a autora foi mais a fundo e conseguiu criar
uma história instigante, situada dessa vez em Londres e com crimes acontecendo na
corte de Elizabeth. Parris acrescenta ainda elementos de magia relacionados às
profecias envolvendo a queda de Elizabeth e a ascensão de Maria Stuart. Parris
conseguiu criar uma história instigante e inteligente, muito melhor do que
Heresia. Ela se permitiu uma maior criatividade, conseguindo guiar a história
de uma maneira mais intensa.
Infelizmente, Parris ainda pecou na caracterização dos
personagens e, dessa vez, nas situações de perigo envolvendo Giordano, no
entanto, em relação aos crimes e a sua interligação com a magia, a autora
conseguiu se superar nesse ponto. Houve também um maior aprofundamento em
relação a situação política da época, que acaba resultando em uma interligação
profunda com os crimes que acontece. E o que mais surpreendeu foi a descoberta do
livro de Hermes sendo usado para uma proposta perturbadora. O que mais agrada
em Profecia é o livro ter uma história visivelmente melhorada de um autora que
se permitiu correr riscos para conseguir uma qualidade muito maior, abrindo
brechas para um terceiro volume ainda melhor.
Para quem procura histórias apenas para entretenimento, a
série Giordano Bruno é uma ótima escolha, sem pretensões. Não é o tipo de
história que permanece muito tempo na mente para poder pensar, mas é uma ótima
maneira de ocupar a mente por alguns momentos.
Nota de Heresia: * * * * * * * * * *
Nota de Profecia: * * * * * * * * * *
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