Reclusão em filme: Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1

Penúltimo filme da franquia de sucesso tem reviravoltas imensas em seu enredo



Filme: Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
Estúdio: Lionsgate
Duração: 123 minutos
Diretor: Francis Lawrence
Elenco: Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Julianne Moore, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson

Jogos Vorazes, desde o início, tinha tudo para ser um sucesso: uma trilogia de livros que se tornou bastante famosa, um elenco de jovens e veteranos do cinema que nos brindam com excelentes atuações, um time de produtores e roteiristas de primeira e é claro, diretores competentes. O mundo criado por Suzanne Collins apresenta um tom de crítica em seus dois volumes anteriores, que fica em segundo plano devido a grande ação e violência que são os Jogos, mas, em seu terceiro volume, é quando a história finalmente entra nos eixos para um final surpreendente.

O último livro, A Esperança, foi dividido em duas partes (vide Harry Potter, Crepúsculo, Divergente) e teve sua primeira parte lançada no dia 20/11. Confesso que, devido a indisponibilidade de cinemas, demorei um pouco a achar um que estava exibindo o filme, o que só fez minha expectativa aumentar e ter uma certeza após ter assistido a adaptação: a história foi contada da melhor maneira possível.

Nesse terceiro e penúltimo filme, vemos Katniss e sua família no Distrito 13. Após a destruição da arena no filme anterior e o sequestro de Peeta, Johanna e Annie, os tributos salvos convivem com o medo de que seus companheiros tenham sido mortos pelo Presidente Snow na Capital. Junto de Gale, Plutarch, Haymitch, Effie e de Alma Coin, a líder dos rebeldes, Katniss é convencida a se tornar o símbolo da revolução e ter voz ativa na guerra que irá acontecer contra o regime autoritário da Capital.

O roteiro é muito bem amarrado e consegue transmitir com uma fidelidade incomum os eventos do livro para as telonas. Houve, é claro, algumas mudanças na história (quem leu os livros sabe muito bem de quais partes) que acrescentam ainda mais qualidade à projeção. É impossível não se arrepiar em alguns momentos, principalmente por eles saírem de nossa imaginação e ganharem forma e movimento. E o fato mais importante que faz com que essa primeira parte seja espetacular, é a forma com que vemos o desenrolar dos fatos, a preparação para a guerra, os bastidores de toda uma nação sedenta por mudança, sem contar nas atuações espetaculares que vemos.

Jennifer Lawrence se entrega totalmente à personagem, nos mostrando realmente a verdadeira carga de sentimentos que Katniss possui. A atriz se tornou ainda mais segura na construção da personagem e nos brinda com uma atuação verdadeira e emocionante, principalmente nas visitas que ela faz aos Distritos destruídos. É de arrepiar quando escutamos sua personagem cantar uma música que se torna tema dos rebeldes. Woody Harrelson mais uma vez brilha na pele de Haymitch e entrega uma das melhores atuações do longa. Pela primeira vez, Effie é vista sem a sua produção exagerada, o que torna a atuação de Elizabeth Banks impossível de não ser notada. Philip Seymour Hoffman rouba as cenas em que aparece e Donald Sutherland nos impressiona mais uma vez com sua personificação do Presidente Snow.

As novas adições do elenco são um elemento a parte. A contratação de Julianne Moore para viver Alma Coin foi acertadíssima. A atriz brilha na pele da líder dos rebeldes e deixa aquele gosto de quero mais para a última parte da história. A presença de Natalia Dormer como Cressida é pequena, mas deixa todos ansiosos para ver a personagem na parte 2, onde ela será melhor aproveitada. Mas as verdadeiras surpresas são Josh Hutcherson e Sam Claflin. Os dois, mesmo não tendo um tempo grande de tela, nos brinda com as melhores atuações do longa. Sam conseguiu tornar o sofrimento de Finnick o mais real possível e sua cena de discurso é sensacional. Já Josh apresenta vários momentos de um Peeta completamente diferente dos primeiros filmes, terminando em um momento extremamente violento e chocante no fim do filme. Liam Hemsworth mais uma vez é o elo mais fraco do elenco. Seu Gale é extremamente mecânico, devido a falta de habilidades de atuação do ator.

A Esperança - Parte 1 combina vários elementos separados e diferentes durante suas duas horas de filme, sejam eles momentos de drama, o triângulo amoroso, discursos de encorajamento e é claro, a guerra. É importante vermos uma guerra acontecendo de pouco a pouco para ser explodida na segunda parte. Um ponto importante é o que a Capital faz com Peeta durante o tempo em que o garoto fica preso, tornando o plot uma das jogadas mais bem pensadas da história. O pouco de ação nesse filme é o bastante para nos preparar para o eletrizante final que será a Parte 2. A ferocidade da crítica ao chamado pão e circo aqui toma proporções elevadas, nos levando a pensar se não estamos sendo manipulados pela televisão ou o governo atualmente. 

No mais, A Esperança - Parte 1 é mais do que um blockbuster: vemos aqui um filme grandioso, mas com um enredo mais próximo do real que poderíamos imaginar. É o tipo de história que deveria alcançar a todos, de qualquer idade.

Nota: * * * * * * * * * *

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